DE REFORMA ADMINISTRATIVA A CIDADE INTEGRADA NO PAVÃO-PAVÃOZINHO E CESARÃO: VEJA PROMESSAS DE CASTRO APÓS REELEITO.

Foto: Leo Martins

Após ser reeleito governador do Rio, Cláudio Castro (PL) anunciou em entrevista exclusiva ao GLOBO que as comunidades do Pavão-Pavãozinho, em Copacabana, e do Cesarão, em Santa Cruz, serão as próximas a receberem as ações do Programa Cidade Integrada, uma das principais apostas de sua gestão para melhorar a segurança e os serviços públicos em favelas. Ele também sinalizou a busca de soluções tanto para o impasse sobre a nova concessão do estádio do Maracanã quanto para a requalificação dos trens da SuperVia.

Além disso, no que se refere às obras a realizar no próximo mandato, Castro diz que pretende incluir no Pacto RJ a construção de uma nova via que cortará a Baixada Fluminense, da Rodovia Washington Luiz à Presidente Dutra. E, com a meta de dar mais fôlego ao caixa fluminense, planeja uma reforma administrativa que pode incluir até um Plano de Demissão Voluntária de servidores, além de abrir o capital do que restou da Cedae, numa operação que, segundo ele, pode render R$ 10 bilhões. Conheça o que diz Castro sobre a viabilização desses projetos.

Expansão do Cidade Integrada

Uma área sob o julgo do tráfico, o Pavão-Pavãozinho, e outra no raio de atuação da milícia, o Cesarão, recebem ainda este ano o Cidade Integrada, garante Castro. Segundo o governo, as duas favelas, uma na Zona Sul e outra na Zona Oeste carioca, começaram a ser contempladas, nos últimos meses, por serviços que preparam o terreno para a chegada do programa. Em ambas as comunidades ocorrem, por exemplo, censos de inadequação habitacional para identificar moradias que poderão ser beneficiadas pelas melhorias arquitetônicas do programa Na Régua.

Nesse período anterior à implantação, também foi recuperado o Centro de Referência da Juventude Cantagalo, comunidade vizinha ao Pavão-Pavãozinho; foi iniciada a reforma do Poupa Tempo da região, que receberá um centro de atendimento especializado de saúde; e foi publicada uma licitação para obras no Conjunto Habitacional Cantagalo, Pavão-Pavãozinho. Atualmente, o Cidade Integrada está instalado, desde janeiro, em outras duas comunidades: Jacarezinho e Muzema.

Ajuda federal na segurança

Na área da segurança, Castro diz que pedirá ajuda do Ministério da Justiça para o combate à entrada de armas e drogas no estado. Segundo o governador, são necessárias ações para enfraquecer o poderio bélico e financeiro das organizações criminosas.

Objetivamente, é preciso enfraquecer o crime — diz ele, que cita a criação de centros de monitoramento e a compra de 35 drones como medidas para estrangular as investidas dos bandidos. — Junta-se a isso a questão de fronteira marítima e aérea. Vamos ter que ter uma conversa séria com o ministro da Justiça sobre coisas que não são nossas, como a entrada de armas e drogas e a questão da lavagem de dinheiro, que é um crime federal. Não dá mais. Se não, é enxugar gelo — continua.

O governador promete aumentar o efetivo da polícia. Mas ainda não apresenta uma meta para isso:

— Vai depender do Regime de Recuperação Fiscal, da evolução do orçamento, de muita coisa.

Nova rodovia e obras na Região Metropolitana

Ao pacote de obras prometidas na campanha para a Baixada Fluminense, o governador acrescenta mais um projeto, o da Transbaixada, rodovia que ligará a Washington Luiz à Dutra num traçado que seguirá o leito do Rio Sarapuí, passando por municípios como Duque de Caxias e São João de Meriti.

Tem uma obra que vai entrar no Pacto RJ que é um sonho meu: a Transbaixada. O projeto está pronto. É só atualizar. Mas vai ter muita desapropriação. Não é uma via simples. Por isso, não falei dela na campanha. Poderia soar uma promessa mentirosa — diz Castro, sem mencionar quanto será preciso desembolsar para abrir a estrada.

Ele analisa ainda o andamento de obras já incluídas no Pacto RJ, que na fase atual prevê R$ 15 bilhões em investimentos, grande parte financiada por recursos da concessão da Cedae. Nesse sentido, ele reafirma o compromisso de fazer o Metrô Leve da Baixada, que ligará a Pavuna a Nova Iguaçu. E elenca outras intervenções:

Sobre a Via Light (que deve ser ampliada até a Avenida Brasil), a primeira fase já está licitada. Vamos fazer, e depois vamos fazer as outras etapas. Tem o MUVI (corredor viário com pistas de BRS para ônibus) em São Gonçalo, outra obra bem cara que já vai começar. Assim como (a revitalização da Avenida) 22 de Maio (principal de Itaboraí), que vai iniciar agora.

Sobre a Linha 3 do metrô, entre Niterói, São Gonçalo e Itaboraí, ele diz que vai trabalhar para viabilizar o projeto, prometido há vários governos.

— É outra via muito difícil, técnico e financeiramente. Mas quero trabalhar para ter viabilidade de fazer. Vou conversar com o governo federal, sim. Botou R$ 2 bilhões no metrô de Belo Horizonte (em Minas Gerais). E pode botar R$ 1 bilhão, R$ 1,5 bilhão para a gente fazer essa ligação tão importante. São coisas que dá para a gente conversar com o governo federal — diz ele.

Apesar de ter sobre a mesa uma série de projetos ambiciosos, Castro ressalta que não tem pretensão de ser um governador lembrado por obras específicas.

— Eu quero ser o cara que acabou com o desemprego no Rio e livrou as pessoas do julgo do tráfico e da milícia. Não tenho menor vaidade de querer ser o cara da obra X, obra Y. Não tenho Cidade da Música para oferecer, não tenho Engenhão para oferecer.

Pressão na SuperVia

Três dias após ser reeleito, Castro se reuniu na última quarta-feira com diretores da SuperVia para cobrar melhorias na prestação dos serviços dos trens, com problemas sucessivos que afetam milhares de passageiros. Enquanto oferece ajuda do estado, ele quer saber de contrapartidas imediatas. O governador apertou o cerco e disse que governo e concessionária “estão casados”, mas dormem em quartos separados e, se nada mudar, vai pedir o “divórcio”.

Segundo o governo, Castro colocou a estrutura do estado à disposição para fazer as reformas no patrimônio público e dar segurança à concessionária para blindar as mais de 300 salas de controle do sistema, com objetivo de evitar que elas sejam atacadas por criminosos. A SuperVia, por sua vez, prometeu apresentar um relatório com um cronograma das intervenções consideradas emergenciais.

Maracanã e ampliação de São Januário

O governador voltou a se mostrar favorável a uma rediscussão da nova concessão do Maracanã. Flamengo e Fluminense, que formam o Consórcio Maracanã, reclamam, por exemplo, de que os clubes do Rio tenham igualdade no direito de utilizar o estádio. A solução proposta por Castro passa por uma possível ajuda ao Vasco para ampliação de São Januário:

— Vou sentar de novo com os clubes. Não tenho menor interesse em desagradá-los. Mas vou olhar o interesse do Estado. Não interessa para a gente, por exemplo, que um deles fique proibido de jogar (o caso do Vasco). Então, vamos ver se há alternativas, como aumentar São Januário. Eu e Eduardo (Paes, prefeito do Rio) conversamos sobre isso. Para a gente, revitalizar aquela região é bom como política pública e para a sociedade em si.

Reforma administrativa

Depois de mencionar, nas horas seguintes a sua reeleição, um possível enxugamento da máquina pública, Castro afirmou que vai propor uma reforma administrativa do estado. Ele ressalva, no entanto, que a reorganização não significa necessariamente a redução do número de secretarias:

— Enxugamento nem sempre será de pastas. Mas vou mandar uma reforma administrativa. Talvez tenha diminuição (de secretarias), PDV (programa de demissão voluntária), um monte de coisa está sendo analisada pela minha equipe.

Questionado sobre possíveis cortes nos cargos comissionados, ele ressaltou que eles representam 8% da folha de pagamentos do Rio. E que o grosso dos gastos com pessoal está nas áreas de educação, segurança e saúde. Enquanto cita estratégias para economizar, no entanto, o governador reafirma o compromisso de campanha de cumprir no Rio o piso nacional de R$ 3.845,63 para o salário dos professores da educação básica:

Piso é piso. É uma obrigação minha. O Rio há muitos anos estava no piso. Mas ele teve um aumento de R$ 1 mil de um ano para o outro. Por isso que ele desenquadrou. Justiça aos professores, não estou dizendo que não é merecido. Agora, precisa ter espaço fiscal para isso, para cumprir o piso na integralidade ou o máximo possível que eu conseguir dentro do espaço fiscal que eu vou ter. A reforma administrativa ajuda a ter mais espaço fiscal.

IPO da Cedae

O governador afirma que, segundo as últimas informações recebidas, o estado deve virar o ano com R$ 12 bilhões em caixa referentes à concessão à iniciativa privada dos serviços de distribuição de água e esgotamento sanitário, antes nas mãos da Cedae. No entanto, ele reitera que estão nos planos uma IPO (sigla em inglês para oferta inicial de ações) da parte restante da companhia, que não foi privatizada. Nessa abertura de capital, ele estima que os cofres do Rio podem ser mais uma vez turbinados.

— Vamos trabalhar nisso agora. Eu vi um modelo… Disseram a mim que pode chegar a R$ 10 bi para o estado — destaca.

Emprego e dinamização da economia

Redução de impostos e investimentos em segurança pública, infraestrutura e qualificação profissional são os quatro pilares citados por Castro para gerar empregos no estado. Ele também enumera projetos que podem dinamizar a economia do Rio e torná-la menos dependente dos royalties do petróleo nos próximos anos.

— O Polo Gaslub (antigo Comperj, em Itaboraí) é um: fazer daquela região um polo energético. Preciso destravar o Polo Metalmecânico (no Sul Fluminense), porque tem umas 200 empresas querendo vir para o Rio. Tem ainda uma cadeia do gás, da rota 4B (gasoduto que ligaria a Bacia de Santos ao Porto de Itaguaí), que estou lutando para que venha para cá. Tem a EF-118 (Ferrovia Rio-Vitória). E a rotatória ferroviária de São Paulo, que é fundamental. Faz que o agronegócio possa ter uma nova opção (de escoamento) que não seja só o Porto de Santos. Com ela, os portos de Macaé, de Maricá ou o Porto Seco de Angra se tornariam opções maravilhosas. O Rio passa a ser o grande polo de exportação e logística do Brasil — diz.

Além disso, ele lembra da promessa do governo federal de realizar os leilões dos aeroportos Santos Dumont e Galeão. E ressalta:

— Há um acordo de cavalheiros para que a outorga seja utilizada toda para o Rio.

Fonte: O Globo – Por: Gabriel Sabóia, Rafael Galdo e Thiago Prado

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