ATRAVÉS DA CULTURA, ARTISTAS REIVINDICAM MELHORIAS NA CIDADE.

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Engana-se quem pensa que blocos de Carnaval são movidos apenas pelo desejo de fazer farra. Mesmo com a Festa de Momo já encerrada, grupos como Terreirada Cearense e Orquestra Voadora vão se reunir hoje, no Parque do Flamengo. O motivo do encontro não é só pelo batuque, mas em prol de reivindicações políticas e ambientais.

Preocupados com as questões da cidade, os artistas, que têm as ruas como palco, decidiram usar a cultura para lutar por melhorias nos espaços públicos cariocas. Além da Orquestra e do Aterrardes, Coletivo Balalaika, Blocato e Samba Nonsense se apresentam no evento batizado de ‘Domingos Verdes’, em apoio às reivindicações do Ocupa Marina da Glória.

Com cerca de 20 pessoas acampadas por lá desde 31 de janeiro, o movimento defende a preservação das árvores e o embargo das obras de um centro de convenções e um mini shopping no local. “Nos preocupa como o Rio vem se desenvolvendo. Quando soubemos que várias árvores seriam derrubadas, ficamos alarmados”, diz Geraldo Jr., do Terreirada, referindo-se às 298 árvores que prevê o projeto de modernização do local, tocado pela empresa BR Marinas e autorizada pela Secretaria Municipal de Meio Ambiente (com replantio previsto).

Mas a preocupação não é só com a situação da Marina da Glória e do Parque do Flamengo. Como os espaços públicos são imprescindíveis para a existência de grupos como os que se apresentam hoje no ‘Domingos Verdes’, Geraldo alerta que é preciso estar sempre ligado. “Antes do Carnaval, usamos a Praça São Salvador (Laranjeiras) para ensaiar. Quando chegamos lá, fizemos questão de abrir um diálogo com os moradores do entorno. Queremos usar o espaço de maneira consciente”, explica ele.

“A nova geração de artistas da cidade está muito mais engajada”, acredita o produtor cultural Julio Barroso, responsável pela programação do evento. “Também sou ativista, participo do Ocupa Lapa, onde também chamo blocos, poetas e grupos de teatro. Já fizemos eventos assim no Leme, na Pedra do Sal…”, lista o produtor, que teve a ideia de criar o evento durante a concentração da Orquestra Voadora (OV), na terça de Carnaval.

“Sou colaborador da OV. Calhou de nos concentrarmos bem em frente ao Ocupa. Durante o desfile, anunciaram no microfone o abaixo-assinado que o movimento está organizando para pedir o embargo das obras. Mais de mil pessoas saíram do bloco para assinar”, lembra-se Julio, que pretende dar continuidade ao projeto ‘Domingos Verdes’.

“Essa será a primeira edição. Mas, quinzenalmente, vamos fazer ocupações mais intimistas, com poesia, voz e pandeiro”, adianta o agitador. Para os integrantes do movimento, o evento é um sinal de que os cariocas estão se apropriando cada vez mais dos espaços públicos da cidade. “Através da cultura, é possível chamar a atenção das autoridades para o que acreditamos”, diz uma das ativistas do movimento, Rose Cruz.

Fonte: O Dia

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